06 – O Batuque Doido

Paulo Barroso e Arnaldo Afonso
BXPA11400020

 

batem tambores nas danças de guerra

nas festas ao luar

batem as gotas de chuva na terra

a vida quer brotar

a fome bate um batuque doido

pega o moleque, sacode e corrói

quem te tirou a ternura que tinhas

quem foi?

(*)

a fome bate na barriga o seu batuque doido

a fome bate, a fome bate

bate a saudade na brisa da tarde

perfume de mulher

traz o desejo dos beijos que ardem

a vida sempre quer

bate uma crença de paz no futuro

mas a lembrança da infância ainda dói

quem te tirou a esperança dos olhos

quem foi?

      (*)

batem tambores, mulheres e homens

dançam num vai e vem

novos brinquedos de mesmos motores

sons coloridos têm

mas ainda ouço o batuque doido

sempre presente na gente a bater

cadê o moleque que eu era, quem dera

cadê?

(*)

bate o arado na pele que anseia

a terra quer prazer

roça uma idéia na mão que semeia

quem planta quer comer

homens amargos renascem das cinzas

mas e o moleque, quem vai acender

aqueles olhos brilhantes de antes

cadê?

(*)

bate na pedra, tua história lapida

um dia alguém vai ler

dentro de um sonho outro sonho engravida

brotando um novo ser

um homem pode escrever seu destino

endurecer sem que perca a paixão

desde que brinque o moleque no seu

coração

a fome bate na barriga o seu batuque doido

a fome bate, a fome bate…

vozes e violãoPaulo Barroso

guitarrasLuiz Bró

baixoCelso Henrique

bateriaWillians Leite

percussãoManu

trompetesJoão Vili

trompaThiago Bilu

tromboneRicardo Bueno